Oposição laranja sem alternativas
hesita entre silêncio e bota-abaixismo
PORTUGAL não esperava mais. A intervenção de Manuela Ferreira Leite na rentrée política laranja "correspondeu inteiramente às baixas expectativas existentes" e constitui "uma confissão velada de que o PSD não tem alternativas às políticas do Governo do PS".
"O PSD continua à espera de ouvir algumas ideias da sua líder, mas o país já nada espera da líder do PSD", sublinhou Vitalino Canas, para quem nada de novo foi avançado com o discurso da presidente do principal partido das oposição. "Se houve alguma surpresa foi o facto de Manuela Ferreira Leite não ter feito o mínimo esforço para apresentar uma alternativa ou uma simples medida para o país, mantendo uma linha de puro bota-abaixismo, que já vem do congresso que a elegeu como presidente do PSD", vincou o dirigente socialista, apontando de seguida que a ex-ministra das Finanças do Executivo de coligação de direita "continua sem ser capaz de assumir a responsabilidade por ter deixado o défice chegar aos 6,83% [em 2005] e de ter sido incapaz de fazer a reforma da Administração Pública". Segundo Vitalino Canas, a actuação de Manuela Ferreira Leite indicia que, "se eventualmente voltasse a ter responsabilidades políticas no país, não teria medidas ou sugestões diferentes daquelas que teve no passado".
Também o dirigente socialista e ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, criticou enfaticamente o "discurso bota-abaixo" de Ferreira Leite, sublinhando que este teve "graves erros, omissões e inverdades". Santos Silva lembrou ainda, em declarações à Imprensa, que a economia esteve em recessão em 2003, quando a actual líder do PSD era titular da pasta das Finanças.
O principal partido da oposição está a evidenciar, desta forma, "insegurança e zigue-zague ideológico, discursos sem esperança e sem ambição" que não interessam a Portugal. Temos, assim, a legitimidade política e a autoridade democrática para exigir, sobretudo ao PSD, ideias, propostas, a honra de compromissos assumidos e, acima de tudo, o fim da greve de braços caídos da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite.